Talvez fosse blog

Iniciar textos é sempre uma tarefa complicada para mim, então irei contextualizar primeiro.

No fim do último ano (2024), durante a terapia, minha psicóloga sugeriu que eu fizesse um registro de emoções, como um diário focado em tudo que senti durante o dia. Assim fiz por algumas semanas e se mostrou muito valioso como ferramenta de autoconhecimento e valorização dos meus próprios sentimentos. Após isso, fiquei mais um tempo sem escrever nada, mas houve uma chaminha que foi acesa novamente em mim, gostaria de escrever mais sobre o que viesse à minha cabeça. Cogitei um diário, mas tive a sensação de que eu não o manteria por muito tempo, cogitei manter o diário de emoções, mas acabei não fazendo também. Pensei em criar histórias, como fazia durante a adolescência, escrevendo poemas e fanfics de qualidade duvidosa. 

Quando parei para pensar a respeito, notei que a escrita sempre esteve presente na minha vida. Apesar de depois de um tempo ter perdido o caráter lúdico e ficado apenas para o mundo acadêmico, onde sinto que há uma certa prisão, regras, normas, um modo específico. Eu me sentia pressionada com o fim da faculdade e todos os textos acadêmicos que precisava produzir, um atrás do outro. Queria poder escrever sem pressão, sem me preocupar se minha escrita está coerente, se estão me compreendendo, se estou sendo coesa, se minha escrita parece fazer sentido para os outros. CHEGA DE SER PROLIXA! ... esse é o pensamento para a academia, mas eu preciso de um lugar de liberdade. 

Foi assim que comecei a procurar um site para escrever qualquer coisa que me desse vontade, achei uma plataforma de newsletter, não sabia muito bem como funcionava e se era isso que eu buscava. Comecei a escrever nela há poucos meses (iniciado em junho/2025), e de princípio fiquei muito empolgada. Não pretendia alcançar muitas pessoas, apenas compartilhar em algum lugar o que sentia e pensava. Se alguém surgisse e lesse, bem, se não, tudo bem também. Evitei ao máximo cair na lógica de ficar divulgando ou em busca de quem lesse para não cair no sentimento similar ao dos desenhos/ilustrações, o de precisar cada vez mais ser validada pelos outros através de curtidas, comentários e compartilhamentos. Por um tempo deu certo, mas senti que faltava algo... ainda havia algo duro, fixo, engessado, eu gostaria de poder personalizar mais. Parei de escrever por mais ou menos um mês e comecei a pensar que talvez o que eu quisesse fosse um blog. Sim, eu sei que em 2025 blog é coisa do passado, o auge lá por 2010 já passou tem um bom tempo. No entanto, não é muito importante se não está no auge, minha busca está mais próxima de fazer um grande inventário de pensamentos quaisquer que eu tiver e poder revisitar isso no futuro para verificar como era e quem sou no momento em que ler. 

Talvez aqui eu consiga deixar mais com a minha cara, apesar de ainda ter que usar modelos prontos, quem sabe no futuro aprenda mais e consiga personalizar ainda mais com os meus gostos. Acho que vale a pena tentar descobrir se um blog é o que eu busco no momento!

❀ Escolhi intitular o blog como "Chá à noite" por alguns motivos, dentre eles, o mais óbvio: eu gosto de tomar chás à noite. Também por a noite ser um momento onde posso relaxar, me sentir à vontade, já em outros dias há uma ansiedade terrível manifestada por meio de uma corrente de pensamentos que não cessa, me rouba. Isso não é diferente de escrever, por vezes me relaxa, por vezes me sobrecarrega e cansa. O chá à noite tanto me traz lembranças agradáveis, quanto outras difíceis, e é como é a vida. 

Aqui nasce o chá à noite.

Imagem por: Yana Gorbunova